Entendendo o pH das espumas fenólicas

04/11/2021
Por: Rômulo Martins
Controle de qualidade – Floral Atlanta

Os profissionais que trabalham com substratos de espuma fenólica são questionados com frequência sobre o pH das espumas fenólicas utilizadas para produção de mudas.

No passado os substratos de espuma fenólica possuíam valores de pH bem baixo, inferior a 5, promovidos pelo processo de produção daquela época. Eram necessárias algumas intervenções dos produtores para a elevação do pH antes da semeadura ou estaquia. Muitas vezes exigindo lavagens excessivas do substrato, e até adição de soluções alcalinizantes.

Por isso, em geral, qualquer ocorrência de dificuldade de produção, ficava automaticamente relacionada ao pH como primeira opção de causa.

Atualmente, graças à atualização dos processos industriais, alguns substratos já possuem seu pH corrigido para valores mais altos, igual ou superior a 5.

Vale lembrar que, para a germinação da maioria das sementes (grãos, hortifrutis, frutas), em qualquer substrato e inclusive no solo, o melhor pH sempre é “levemente ácido”; ou seja, sempre um pouco abaixo de 7,0.
Agronomicamente é isso que se procura, por exemplo, ao incorporar calcário nos solos agrícolas, ajustar o pH para valores levemente ácidos, inferiores a 7,0.

Portanto, a espuma fenólica atual está no caminho para esta melhor condição de germinação e enraizamento, para a maioria das culturas.

O que ocorre é que muitos produtores, técnicos e pesquisadores ainda tratam a espuma atual como se fazia antigamente, obviamente por não conhecerem estas alterações de fabricação ou por receio de algo ocorrer errado na semeadura.

Então, como tratarmos isso com produtores e técnicos?

1) Importante: o pH que se deve considerar é sempre aquele medido na solução (água pura ou solução nutritiva) que está no interior do substrato
2) Este pH é o resultado da interação: pH gerado pela espuma + pH da solução utilizada
3) A interação entre os dois gera o pH final na parte líquida contida na espuma (sendo nesta solução em que as raízes irão encontrar durante o desenvolvimento)

Portanto, podemos analisar a interação da seguinte maneira:
Espuma pH 5 + Solução pH <5 = solução interna ficará com pH mais ácido (igual a 5 ou menor)
Espuma pH 5 + Solução pH 5 = solução interna ficará com pH igual tendendo a 5
Espuma ph 5 + Solução pH >5 = solução interna ficará com pH superior a 5

Sendo que as interações 1 e 2 são mais difíceis do ocorrer, temos em geral, uma solução no interior da espuma com pH levemente ácido, que, se situado entre 5,5 e 6,5 é ideal para a germinação, enraizamento e absorção de nutrientes da grande maioria das culturas.

Algumas espécies suportam germinação em pH neutro ou alcalinos, mas não é a condição ideal para uma eficiente absorção de nutrientes, durante o desenvolvimento da muda.

Portanto, consideramos que não é mais necessário lavagens exageradas das espumas. A recomendação geral é saturar a espuma em uma primeira molhada e depois adicionar a mesma quantidade de água para retirar a primeira (em algumas condições esse processo nem é necessário).

Portanto, percebe-se que, em uma produção hidropônica, ou outras que utilizem de soluções nutritivas, é primordial o uso de um peagâmetro bem calibrado.

Molhar antes ou depois da semeadura?

Esta também é uma dúvida frequente, que na verdade produzem o mesmo resultado prático: ter umidade para a semente germinar, ou a estaca enraizar, que é o importante. Molhar antes ou depois é uma preferência de manejo de cada um, por exemplo: produtores que semeiam muitas placas seguidas preferem molhar depois da semeadura para que a semeadeira não umedeça e grude sementes na mesma. Produtores que utilizam semeadeira de pressão para alface peletizada, somente tem a opção de molhar depois (pois não é possível trabalhar com espuma úmida no equipamento). Produtores que molham antes da semeadura, geralmente tem o mesmo resultado de germinação, daqueles que molham depois.

Como medir o pH da solução resultante da interação espuma + solução nutritiva?

1) Obtenha uma porção quadrada da placa de 10 x 10 x 2 cm (5 x 5 células da medida 1,9 x 1,9 x 2,0) de forma que possam se acomodar sobre um recipiente (limpo e seco) de boca maior.
2) Coloca-se uma tela (limpa e seca) sobre a boca do recipiente.
3) Coloca-se a porção de espuma sobre a tela.
4) Adicione 200 mL de água com pH previamente conhecido e anotado, em quantidades pequenas e lentamente, até saturar a espuma (início de escorrimento).
5) Descarte qualquer quantidade que escorrer para dentro do recipiente. E recoloque a espuma sobre ele.
6) Adicione 100 mL novamente à espuma (lentamente e de forma homogênea em toda a extensão da amostra).
7) Após esta segunda adição, ocorrerá o escorrimento de água para dentro do recipiente, e é nesta porção que se mede o pH.

É esta água que a semente ou estaca encontrará, em um primeiro momento, para sua germinação e enraizamento.

Como curiosidade, aproveite o teste montado, e adicione novamente uma terceira quantidade de água, e meça o pH novamente. Será possível verificar que a variação é pouca.

Portanto:

  • Não é mais necessário o excesso de lavagens da espuma.
  • Tenha um peagâmetro calibrado e em boas condições de uso.
  • Controle sempre o pH da água ou solução nutritiva utilizada na produção.
  • O pH da parte líquida no interior da espuma é o resultado da interação pH da espuma + pH da água (ou solução nutritiva).
  • pH levemente ácido, abaixo de 7,0 é o ideal para a germinação e estaquia da maioria das espécies.
  • As espumas são inertes (sem nutrientes), por isso deve-se utilizar sempre, ou de forma intercalada, solução nutritiva (inicialmente com metade do EC normal, enquanto as plantas forem novas).

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